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“A humildade não é apenas uma graça ou virtude como outras, ela é a raiz de todas, pois somente com humildade toma-se a atitude correta diante de Deus, e permite-se que Ele faça tudo”.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Quero


Quero a  leveza
da brisa  em meu rosto.
Quero a leveza de passear na beira da praia
sem nenhuma preocupação.

Quero a leveza das asas de um pássaro,
do sorriso de uma criança,
das palavras sábias de um vovó.

Quero a leveza das palavras de Quintana,
do dedilhar de um pianista
e dos passos de uma bailarina.

Quero
           l
            e
              v
                e
                  z
                     a .

                                                Cléu

domingo, 18 de maio de 2014

Para eles, casa também é o rio, é a roça, é a aldeia inteira.

Lendo o Jornal Zero Hora, aqui do Sul, a jornalista Letícia Duarte começa  a reportagem "Tensão indígena na aldeia global " com as seguintes palavras:  " No imaginário do nosso Brasil brasileiro, índio fica bem numa foto exótica na Floresta Amazônica ou num livro romântico de José de Alencar.  Mas os conflitos recentes no norte gaúcho que culminaram na morte de dois agricultores em uma área de disputa de terras com caingangues, voltaram a expor o dilema mais real e perverso de um país que há mais de 500 anos ainda tenta descobrir qual é o lugar dos povos indígenas nesta pátria nem tão gentil. "

Lendo esta reportagem percebi que para a maioria de nós os índios fazem parte do imaginário, da história, um povo que existe, mas é como se não fizesse parte deste Brasil tão grande. Quando vou a Porto Alegre vemos algumas pequenas aldeias e pequenos índios na estrada  e vamos para a janela do ônibus ou do carro, admirados ao vê-los, como se fossem um bicho raro, mas são exatamente iguais a nós: HUMANOS. Temos tanto o que aprender com eles e eles com a gente.Eles parecem tão distantes de nós, talvez por terem receio e por sermos indiferentes.

Mais um trecho da reportagem:
"Lembro que uma vez estava acompanhando um índio em um tratamento em saúde em Manaus e ele viu um homem revirando lixo do lado de fora. Aí perguntou: O que ele está fazendo? Respondi que ele não tinha o que comer. "Mas aí tem comida", ele respondeu, apontando para uma lanchonete. Na cultura deles, mesmo quando um índio saía sozinho para caçar, era dado um pedaço da caça para cada um. É inconcebível que alguém passe fome enquanto outros estão comendo."

Temos muito o que aprender com eles, não acham?

" Para eles, casa também é o rio, é a roça, é a aldeia inteira. E daí a importância da terra. Tudo isso é casa, é todo o entorno."

" É muito mais fácil jogar pequenos agricultores contra os indígenas do que enfrentar o problema da má distribuição de terras no Brasil" - conclui o pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios da USP Spency Pimentel.


terça-feira, 13 de maio de 2014

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Têm as que ficam!

    
  Pessoas vêm e vão. Olhando os álbuns de fotografia fico a me perguntar:
        ____ Como me perdi desta? E como esta se perdeu de mim?
         Pessoas que conheci na infância e éramos inseparáveis,continuaram na adolescência e na vida adulta cada uma seguiu um caminho.
        Viro outra página do álbum e surgem outras pessoas, outros sorrisos e concluo:
         __ Têm as que não se vão, as que ficam . Anos e anos de convivência, sorrisos, lágrimas e  gargalhadas.
               Que bom!  Têm as que ficam!

                                        Cléu
       

segunda-feira, 5 de maio de 2014

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Somos todos macacos?

    
O racismo sempre existiu e não acabou. Muitos que se consideram cultos dizem que não são racistas até um negro entrar para sua família. No momento de atos racistas como este de torcedores jogarem banana no campo ou fazerem ruídos feito macacos quando um jogador negro pega a bola tornou-se notório, discutido e surgem campanhas. Li um texto no Jornal Zero que apresenta uma visão diferente do que parece ser o correto no momento. Somos todos macacos?  VALE A PENA CONFERIR!!

    Não. O ato de Daniel Alves no jogo contra o Villarreal pode ser considerado um enfrentamento ao racismo. Ao juntar a banana e comê-la, desconstruiu ao vivo o ato racista frente a milhões de pessoas que assistiam ao jogo. Concluiu lembrando através das redes sociais que o alimento lhe deu energia para o jogo, considerando ser um alimento utilizado por atletas. Quem não lembra, por exemplo, das paradas estratégicas de Guga Kuerten. No entanto, assumir que somos todos macacos autoriza que as iniciativas de jogar bananas no gramado e imitar o som de animais prossigam. Não somos macacos. Ninguém é. Somos humanos, mesmo sem todos os direitos.

     O argumento utilizado pela campanha lançada por Neymar, proposto por uma agência de publicidade, e que teve grande repercussão nas redes não é suficiente, pois, neste caso, não se trata de um apelido que pode “pegar ou não”. Trata-se da manutenção de um discurso de desumanização do negro, iniciado há quase 600 anos por pressupostos evolucionistas.

    Apesar de o evolucionismo natural e depois social ter sido sistematizado como conhecimento científico na segunda metade do século 19, por Darwin e Spencer, sucessivamente, a escala de superioridade de civilizações, em função da cor da pele, principalmente, sustentou todo o tráfico escravista. Grosso modo, inicialmente, os negros foram apontados pela Igreja como sem alma e os índios como crianças que precisavam ser civilizadas. Depois, os negros foram mantidos como bens móveis, assim como os animais de fazenda. Nesse processo, os europeus colocaram-se acima dos outros povos, encontrando discursivamente argumento para sobrepujá-los cultural e fisicamente.

    Essas lógicas foram assumidas na constituição do Brasil como nação e, apesar de nos definirmos como o país das três raças e exemplo de democracia racial, mantidas na estrutura social até nossos dias. Todos os índices socioeconômicos comprovam essa afirmação. A luta pelo direito à cidadania passa efetivamente pela derrubada desses estereótipos e não pelo seu reforço. Sabe-se que historicamente o deslizamento de sentidos de expressões, como “negro”, funcionou como estratégia de positivar um discurso negativo. No entanto, a imagem do macaco não tem como ser positivada, mesmo que assumida, pois o símio nunca será humano.

    Comparar ao macaco, em cantos, bananas jogadas ou onomatopeias, não se trata somente de uma comparação em função da cor da pele, ou mesmo pela origem continental, trata-se de uma estratégia que mantém os negros como desumanizados, ou seja, incapazes de atender às demandas da chamada civilização ocidental principalmente no atual desenvolvimento do capitalismo que exclui. Apesar de não dito, essa relação de saber-poder, mantém os privilégios de poucos. Assumir é congelar essa imagem. Não. Não somos macacos. Somos humanos.

*Professor de Jornalismo da Ulbra, doutor em Ciências da Comunicação